quinta-feira, 9 de julho de 2015

"Qual o tesoureiro mais esperto competente e atrevido"? - Leonor Pinhão


Crónica de hoje da Leonor Pinhão

Coisas a preços fantásticos 

De volta ao formato habitual


O Benfica é o campeão da austeridade e do desinvestimento.
Não gasta o que não tem, não pede dinheiro emprestado a ninguém. 
É o melhor aluno português das medidas de contenção propaladas pelas grandes instâncias nacionais e internacionais. Sem pestanejar, vê alguns dos seus mais eficientes activos passarem-se para emblemas rivais em fase de grande euforia no que diz respeito aos mercados.
E é assim, pobrezinho, que o Benfica se vai deitar à reconquista do título.
Se der, deu. Se não der, não deu.
A pressão está toda do lado dos adversários directos, unidíssimos no pressuposto que é fulcral impedir o Benfica de voltar a ser campeão. 
Ambos se vão reforçando com gente de grande categoria porque sabem bem que é com gente valiosa que se ganham os títulos.
O maior reforço comum do Porto e do Sporting em termos de arbitragem é Pedro Proença que, segundo o “Diário de Notícias” fez a ponte diplomática entre Alvalade, onde já trabalha, e o Dragão na tentativa de impor o sorteio dos árbitros.
É uma notícia curiosa mas que não traz novidade alguma. Pedro Proença está agora em termos teóricos onde sempre esteve em termos práticos.

Maicon, o central do Porto, regressou ao trabalho pedindo a todos os santinhos que não haja “empurrões” a decidir o título. Referia-se ao seu golo ilegal na Luz que deu um título ao Porto sob o beneplácito de Pedro Proença, agora e uma vez mais o homem certo no lugar certo, embora num lugar diferente.

De acordo com a imprensa, o Benfica ofereceu 6 milhões de euros a Maxi Pereira por 3 anos e o Porto ofereceu-lhe 16 milhões de euros por 4 anos.
Perante isto, nem eu que tanto gostava do lateral uruguaio, me arrepio de o ver sair. 
Maxi Pereira, doravante Mini Pereira, é um herói do nosso tempo. O dinheiro é tudo e não há romantismos que lhe resistam.
Mini Pereira esteve 8 anos no Benfica e foi de um profissionalismo exemplar. Basta dizer que nesses 8 anos raramente gozou férias, sempre em viagens e em compromissos com a selecção uruguaia por ocasião dos defesos no futebol europeu. E regressava sempre à Luz fresco que nem uma alface para mais uma temporada de trabalho.
Mini Pereira tem agora 4 anos para ficar multimilionário e, se puder, que aproveite para finalmente poder gozar férias e poder descansar. É que ele merece. E nós também.

Se Iker Casillas assinar pelo “Oporto” o campeonato português vai, pela primeira vez na sua história, passar a existir para os nossos vizinhos espanhóis. E a existir, jornada a jornada. Com direito a nomes e a números e a notícias nos jornais.
Só por isso, Casillas já seria mais do que bem-vindo à nossa Liga a quem, na verdade, ninguém ligava nenhuma para lá de Badajoz.
O sentido da contratação do lendário guarda-redes do Real Madrid é claro. Tal como o Sporting foi buscar a lenda Schmeichel para voltar a ser campeão quase vinte anos depois do seu último título, tal como o Benfica foi buscar a lenda Júlio César para revalidar o título na temporada passada, também o “Oporto” vai buscar uma lenda para as suas redes a ver se recupera o estatuto de campeão que lhe foge há dois anos.
Tudo, de bom ou de mau, começa na baliza. Ou não é?
Fui fã de Casillas nos anos de ouro da sua carreira. E confesso: há mais de dez anos, quando a lotaria do Euromilhões chegou ao nosso país, prometi-me que ofereceria um Iker Casillas inteiro ao Benfica se me saísse um primeiro prémio daqueles bem gordos.
Está visto e comprovado o meu azar ao jogo.
Vem agora, no ocaso da sua carreira, esse excelente guarda-redes reforçar a equipa de um adversário directo.
Enquanto lá estiver, uma coisa é certa: não contem com o regresso de José Mourinho ao clube que o lançou para os seus fulgurantes voos internacionais.
Outra coisa também é certa: tal como os adversários do Benfica aspiraram em vão a um Júlio César ao nível da sua infeliz prestação no último Mundial, também os adversários do “Oporto” aspiram agora a um Iker Casillas ao nível das prestações que levaram Chamartín a vaiá-lo sem dó nem piedade.
O resto é lenda. E mistério por resolver.

Antigamente dizia-se o “tesoureiro”. Hoje diz-se C.E.O. que é uma sigla importada das grandes empresas multinacionais. Na verdade, tanto faz. É do dinheirinho que se trata, amigos.
Tesoureiro ou C.E.O., Domingos Soares de Oliveira é o homem do lugar em questão no Benfica e, na semana passada, deu uma entrevista ao “Expresso” tendo descrito em pormenor aquilo que considera ser o irrevogável caminho da recuperação económica do clube.
Do muito que falou ao “Expresso” o nosso tesoureiro, uma frase apregoada saltou para título da entrevista: “O Benfica conseguiu ser independente do BES e da PT.”
Bravo! A ser um facto, que bela vitória no campeonato das finanças.
Agora a ver se conseguimos uma coisa ainda melhor: o “tri” no campeonato da bola. Isso é que era lindo a valer.
No entanto, deve ser bem mais difícil conseguir o “tri” do que conseguir a independência do BES e da PT, tendo em conta que os tesoureiros dos nossos adversários directos, ao contrário do nosso, vivem épocas de incontestado esplendor e dispõem de uma insuspeitada largueza de meios.
É este o ponto da situação quando falta um mês para o arranque da temporada e logo com um Benfica-Sporting mais especial do que nunca porque permitirá ao público em geral precipitar-se para as primeiras conclusões:
Quem é melhor treinador, Jesus ou Vitória?
Qual é o tesoureiro mais esperto, mais competente, mais atrevido, Soares de Oliveira ou José Maria Ricciardi?
Ah, mas que grande animação vai ser a temporada de 2015/2016.

O sorteio da Liga já foi. O Benfica começa em casa e a receber o Estoril que nos fez tanto mal em casa na época de 2012/2013, lembram-se?
O Porto, por sua vez, estreia-se na Liga recebendo o Vitória de Guimarães onde pontificará o jovem Tózé que o Porto vendeu agora aos de Guimarães depois de o ter emprestado um ano ao Estoril.
Tózé deu que falar no ano passado por ter apontado de forma irrepreensível (para alguns) uma grande penalidade contra a sua verdadeira entidade empregadora, o que custou pontos ao Porto na sua deslocação à Amoreira, lembram-se?
Foi a partir desse instante que os jogadores emprestados pelo Porto e pelo Benfica a outros clubes passaram a ter sobre si um foco impiedoso de atenção e uma carga de maleitas que lhes deve ter sido penosa de suportar. 
Felizmente que a lei mudou. A partir desta época os emprestados não podem defrontar os emblemas empregadores. Muito bem, tudo pela transparência.
E se Tózé marcar um golo de penálti ao Porto, na primeira jornada, esse facto já será encarado com toda a normalidade mesmo por Casillas que, como se sabe, foi contratado sem dar garantias de impedir que toda e qualquer bola entre na sua baliza.
Quanto ao Sporting, a sua estreia na Liga está marcada para Tondela. Desconfio que Vítor Paneira vai ser o treinador português mais falado na semana a seguir ao jogo. Por mérito próprio, evidentemente.
Vítor Paneira, lembram-se?

Falta ainda efetuar-se o sorteio das competições europeias de clubes.
Ao Benfica, desejo que fique livre de aventesmas e que calhem boas e simpáticas companhias na fase de grupos da Liga dos Campeões o que, só por si, já seria uma bela novidade.
Em prol das estrondosas emoções internacionais, engraçado seria – aliás, engraçadíssimo seria… - calhar ao Porto o Real Madrid e, para compor o ramalhete, ao Sporting calhar o Olympiakos.
Teríamos, assim, um regresso de Iker Casillas a Chamartín e um regresso de Marco Silva a Alvalade.
Quem é que não pagaria para ver estas coisas a acontecer?

Um vice-presidente do Porto anda a contas com uma investigação criminal e o Porto emitiu um sereníssimo comunicado conformando as buscas e diligências policiais bem como a prontificar-se a uma colaboração com a Justiça em tudo o que for necessário.
Os tempos mudaram do ponto de vista formal. 
Aparentemente, já não há teorias “da cabala” nem ataques “do centralismo lisboeta” à vida do Dragão. 
Isto e mais o Casillas, são coisas que fazem prometer um Porto ainda mais diferente em 2015/2016.


E que tal se lhe oferecermos o almoço ou jantar? 

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